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4 coisas que ninguém te conta sobre o mercado de trabalho canadense

Se você está pensando em sair do país para se aventurar em terras canadenses, precisa se preparar para uma série de mudanças: além do clima, a cultura, o comportamento e a dinâmica do país são completamente diferentes do Brasil. E uma das grandes divergências diz respeito às oportunidades de emprego. Acompanhe neste post 4 coisas que ninguém te conta sobre o mercado de trabalho canadense.

1. As leis trabalhistas variam de província para província

Apensar de haver um padrão comum em todo o país, cada província tem suas próprias regras. Então a primeira coisa que você deve fazer é buscar no site do governo canadense o Labour Standard da sua província.

Como moramos em Vancouver, os tópicos abaixo se referem às normas de British Columbia.

2. O pagamento ocorre 2 vezes por mês

A cada 16 dias você vai receber seu salário proporcional às horas trabalhadas no período. Aqui no Canadá, a maioria das oportunidades de emprego paga por hora trabalhada — inclusive o salário mínimo é determinado por hora, sendo CAD $ 12,65 em BC.

A grande vantagem é que recebendo assim você não gasta todo o o seu dinheiro de uma vez só.

3. O emprego pode ser part-time ou full-time

É considerado um part-time job quando você trabalha até 30 horas por semana, enquanto o full-time varia de 30 a 40 horas. Mas as diferenças não param por aí:

Part-time

Essas vagas são, na maioria das vezes, entry level, ou seja, uma porta de entrada para o mercado de trabalho. Os salários costumam ser mais baixos e as posições não precisam oferecer benefícios ao funcionário.

Isso fica a critério do empregador que, quando os oferece, são menores que os benefícios de um emprego full-time.

Normalmente as pessoas que acabaram de chegar ao país recebem ofertas de empregos dessa modalidade, pois uma as coisas mais valorizadas por aqui é a sua experiência no mercado canadense.

Na prática, as pessoas arrumam 2 part time jobs para ter mais horas de trabalho e alcançar uma renda que se aproxime de um full-time.

Isso é muito comum por aqui e não tem problema nenhum fazer isso. Quando você é contratado, as empresas perguntam qual a sua disponibilidade e em cima disso criam uma escala para você.

Só tome cuidado para não oferecer os mesmos horários em trabalhos diferentes.

A grande desvantagem sob o meu ponto de vista é que sua escala varia de semana para semana e fica difícil equilibrar as contas, visto que você nunca sabe quanto vai receber.

Full-time

Mais semelhantes ao que ocorre no Brasil, em um full-time job você trabalha entre 30 e 40 horas semanais, sendo mais comum o número máximo de horas. Além de ter uma rotina mais fixa e um salário garantido, os funcionários full-time têm direito a benefícios, como serviços médicos e seguro de vida.

Mas os detalhes você deve verificar com a empresa e com o sindicato da categoria, se for o seu caso.

Existe ainda a modalidade Contract, que é semelhante a um terceirizado no Brasil, bastante utilizado por consultores aqui no Canadá.

4. Não tem folga final de semana

Vancouver é uma cidade que funciona de segunda a segunda: das lojas de roupas aos bancos, praticamente tudo abre final de semana. Sendo assim, esteja pronto para abdicar do sábado ou do domingo, senão do final de semana inteiro.

E sejamos realistas: recém-chegados no país precisam (re)começar suas carreiras em entry level jobs, posições mais comuns em retail stores, cafés, restaurantes, atendimento ao consumidor… Vagas cujos horários englobam os finais de semana e os turnos noturnos.

Tudo isso pode parecer assustador e até pior do que o cenário brasileiro, mas a realidade é que é apenas diferente.

A economia canadense vive um momento excelente e não é difícil encontrar emprego por aqui. Eu mesma encontrei 2 na minha segunda semana no país.

No entanto, você precisa ter a mente aberta para se adaptar a essa dinâmica e estar disposto a trabalhar muito.

A vantagem é que a sua dedicação e comprometimento com o serviço são reconhecidos e as promoções não demoram a surgir: em menos de 2 meses trabalhando em 2 part-time jobs, eu recebi uma oferta full-time com aumento em um deles.

Aquela máxima de que o seu sucesso depende exclusivamente de você é uma grande verdade por aqui. As oportunidades existem e são inúmeras. Você só precisa saber aproveitá-las

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6 thoughts on “4 coisas que ninguém te conta sobre o mercado de trabalho canadense”

  1. Barbara disse:

    Uma dúvida meio besta que eu sempre tenho é sobre como conseguir trabalho na verdade. Eu sei que como recém-chegados a gente não tem a experiência canadense, mas eh ainda pior porque como você falou é todo um recomeço, então muitas vezes é mais viável pegar empregos de entry level. Como se candidatar pra essas vagas e montar um currículo por exemplo pra dishwasher?

    1. Bruno Bonamigo disse:

      Barbara, aqui no Canadá, diferentemente do Brasil, eles estão muito mais ligados no seu estilo comportamental e resultados que você obteve, do que no local que você estudou ou trabalhou. A questão do voluntariado, por exemplo, é extremamente valorizada por aqui. Isso mostra coisas que as experiências de trabalho em si não destacam, como espírito solidário, trabalho em equipe e preocupação com o próximo. Um outro detalhe é que as vagas entry level são abundantes aqui, então as exigências são muito baixas. Normalmente para dishwasher aplicam as pessoas que tem o inglês muito ruim, porque se você já tem um nível melhor, consegue tranquilamente vagas melhores, como server ou busser, que já ganham mais gorjetas. Ou então em lojas de shopping ou comércio em geral. Basicamente, o que vão te perguntar em todas as entrevistas são os resultados que você obteve no que já fez anteriormente e como mensura isso. Por mais que você só tenha vendido coco na praia, como você foi um profissional diferenciado nisso? Como obteve o carisma do público? Como criou uma estratégia diferenciada de vendas para melhorar seus resultados?

      1. Salles Mateus disse:

        Gostaria de saber se, o trabalho na contrução civil e bem remunerado??

        1. Bruno Bonamigo disse:

          Não sei se você se refere ao trabalhador braçal, como pedreiro ou como engenheiro. Não conheço muito desse mercado, mas sei que as posições iniciais pagam decentemente devido à falta de mão de obra. Em geral esse é o tipo de emprego para imigrante com baixo nível de inglês. Mas quando falo decentemente é comparado a outros trabalhos entry-level, como trabalhar em um café, em lojas etc. Conheço algumas pessoas que trabalham em construção e ganham 18 a 23/hora. Depende muito do trabalho, mas tenha certeza que vai trabalhar muito e pesado.
          No caso de cargos maiores, não sei informar, mas esse tipo de emprego não é fácil conseguir aqui sendo imigrante.

  2. Barbara disse:

    Uma dúvida besta q eu sempre tenho é como conseguir esse emprego, em especial os de entry-level. Como preparar o currículo para uma vaga de dishwasher por exemplo? Ainda mais quando você vem do Brasil com uma formação. Como se vender?

    1. Fernanda disse:

      Barbara, para essas vagas experiência e formação não são levadas em conta. O que pesa mais é a sua disponibilidade de trabalho, visto que normalmente exigem turnos noturnos e em final de semana. Até o nível de inglês pode ser mais básico. Minha sugestão é procurar as vagas em sites como Craigslist (cuidado para não cair em golpes), Indeed e Glassdoor e, ao fazer sua application para as vagas, informe no e-mail sua disponibilidade de trabalho. Para montar um currículo e a cover letter nos moldes norte-americanos, você pode fazer uma pesquisa no Google, pois há vários artigos – inclusive de profissionais de RH – ensinando a fazê-los. Basicamente, você deve elencar suas competências e qualificações primeiro, como “experiência em gerenciamento de equipe”, por exemplo. Para depois falar das suas experiências profissionais e formações. O currículo e a cover letter devem ser sucintos e, o mais importante, customizados para a vaga que você pretende se candidatar. Então se é uma posição de dishwasher, não há porque incluir que você tem mestrado ou pós-graduação.
      Até porque aqui a realidade é outra. Conheço um dono de restaurante que não contratou uma brasileira para trabalhar como garçonete porque ela é mestre e, para ele, ela está muito acima da qualificação exigida para a vaga (não era candidata a entry level, mas a vagas mais avançadas). A ideia é ser coerente e direcionar o currículo e a cover para a posição oferecida.

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